quinta-feira, 2 de abril de 2009

O caso da sandália branca

Por Miguel heichard
Sábado. Sete e meia da noite. Véspera do Dia das Mães.
O telefone, da Companhia de Seguros onde Auristélio dá plantão no Atendimento, toca e ele corre para atendê-lo. Do outro lado da linha, a voz macia e deliciosa de Eritéia, uma mulata de parar o trânsito, que trabalha como enfermeira num hospital quase ao lado diz:
– Alô?
– Auristélio, por favor?
– Lindinha, sou eu! – responde com a confiança de quem já é velho conhecedor daquela doce voz.
– Bênhê, quero te ver agora, é hora do jantar e tenho uma hora. Não consegui trocar meu plantão e vou ter que virar a noite na pediatria, diz a mulata atropelando as palavras, em tom quase de desespero.
– Tá bom amor, tô descendo. Te espero no estacionamento. Em cinco minutos estarei por lá – encerra ele, vibrando que nem colegial.
Ao chegar lá, Auristélio vê a silhueta daquele corpinho escultural gingando por entre carros para chegar até ao Chevette do amante.
– Vê que chato, não consegui a folga do sábado e agora tenho de ficar no plantão de hoje até amanhã de manhã, que m... – explode Eritéia espumando de raiva.
Com a calma de que é possuidor, Auristélio tenta convencer a namorada de que a vida de plantonista é assim mesmo, e que outros domingos estão por vir, e para amenizar o conflito da moça, ele faz um acordo com ela:
– Fica calma. Vou dar um jeito de vir te pegar no outro domingo, na hora em que Marizelda (sua esposa) for à feira – promete querendo por um fim ao chororô.
– Agora, vem cá morzão e me dá um beijinho. Fica assim não. Não gosto de te ver chateada. Olha o que eu trouxe para você – disse ele convidando-a a entrar no carro.
Surpresa Eritéia abre o pequeno embrulho e fica deslumbrada com colarzinho de pedras verdes, artesanal, que Auristélio com muito cuidado escolheu para ela na Feira Hippie da Praça XV.
– Oh! Amor não precisava gastar dinheiro, não. Seu amor me basta – disse ela, agarrando-o pelo pescoço, deixando-o em total desalinho.
Daí para frente foi uma sessão frenética de amassos, beijos agarrões, mãos aqui e ali, juras de amor, que o carro mais parecia uma batedeira ambulante. Passados uns quarenta minutos Eritéia se dá conta que o seu tempo já estava vencendo. Que corria o risco de voltar atrasada, e que bebês dependiam dela para a troca de fraldas e serem levados para a amamentação.
Tentando se arrumar às pressas ela comenta com Auristélio seu drama com o horário, e ele resolve levá-la até a porta do hospital de carro para que o atraso não se consuma, pois ainda restavam alguns poucos minutos.
Na porta do hospital, ela sai correndo do carro, e nem tempo para beijinhos havia mais. Somente um breve tchau acenado com a mão direita, pois a outra segurava o presente ganho de Aristélio, selou a despedida.

Manhã de domingo.
Após dar uma passada de olhos pelas manchetes do jornal, conferir a tabela do campeonato estadual, presentear a mulher Marizelda e a sogra Dona Jesuína, Arietélio faz uma proposta às duas:
– Meninas, vamos àquela churrascaria de que tanto falamos, no pé da Serra da Carobinha – convoca exultante, esperando a aprovação das duas.
A alegria das senhoras se traduz num sonoro:
– ÔÔÔÔbaaaaaaaaaaa!!!!!

Bastaram somente vinte e cinco minutos para que as duas estivessem prontas.

Aristélio já na direção, elas entram no carro e, – Vamos lá – parecia coro ensaiado.
Vinte minutos estrada afora, todos apreciavam o verde do campo brilhando pela a força da luz do sol e as poucas casas distantes saltitando por entre árvores, e por vezes alguns pequenos rebanhos ou lojas de beira de estrada.
De repente entre uma troca de marcha e uma freada, Aristélio sente algo atrapalhando seus pés e faz um esforço para tentar ver o que é.
Um calafrio lhe sobe a espinha apesar do tempo quente que fazia.
O que é que aquela sandália branca estava fazendo dentro de seu carro? Como poderia ter chegado ali? Como ela teria ido embora sem a sandália? O que fazer agora? Como driblar Marizelda para que não a visse, e a sogra?
Todos estes questionamentos deixavam Aristélio branco que nem vela de sete dias. O que fazer?
Marizelda, esposa dedicada e atenciosa percebe que algo estranho está se passando com o marido.
– Aristélio, você está sentindo alguma coisa? Você está suando. Você está branco. Meu bem, você não quer parar um pouquinho, beber água, tomar um café – pergunta ela preocupada.
Na, Na, Nãão, tudo bem acho que foi uma queda de pressão, já passou – responde Aristélio tentando ajeitar a sandália para debaixo do banco, mas sem que fosse para trás, a ponto de a sogra vê-la.
Dirigindo mal, e temendo o pior, Aristélio ia apontando curiosidades acerca do caminho para tentar distrair a atenção da esposa.
Enquanto bolava algum artifício para se desfazer da maldita sandália branca, ele tentava qualquer coisa para desviar a atenção. Apontando uma loja de piscinas pré-fabricadas que ia passando do lado da mulher, disse que gostaria de colocar uma daquelas em casa.
– Mas como assim, Aristélio? Não temos sete meses que começamos a pagar o financiamento da casa, e nosso quintal é tão pequeno que mal cabe um laguinho de pato. Que idéia maluca, acho que você está passando mal mesmo – ironiza Marizelda.
– Olha lá meu bem. Que rebanho de Nelore bonito, veja – insiste ele, para distrair a atenção da esposa.
– Ne... Nelore, o quê? Desde quando você é especialista em gado, o que está acontecendo com você, Aristélio!? – retruca a mulher espantada ante o conhecimento repentino de Aristélio sobre gado bovino.

Eis que surge a solução como um passe de mágica.

Mais à frente uma colisão entre três veículos deixa todos com a atenção voltada para o lado direito da rodovia. Nesse momento, enquanto passam pelo acidente, Aristélio não pensa duas vezes, e como um flash joga a tal sandália branca pela sua janela tão cuidadosamente que nem a mulher e nem a sogra têm tempo de flagrar o ato.
Aliviado, ele chega a esboçar um leve sorriso, somente percebido por Marizelda.
– O que é isso, homem? Uma acidente destes e você ainda consegue sorrir? – reclama ela, chateada.
– Nada não amor, é que de repente imaginei que, em parte tivemos sorte, foi tão perto de nós e não estivemos envolvido nele, é só isso – se desculpa.
– Hãã, bom! – resmunga a mulher.

Vencendo o trânsito lento, após cinco minutos, eis que chega a tal churrascaria.
– Pronto meninas. Vamos aos prazeres da carne – ordena Aristélio.
– É, mas só depois de eu achar a m... da minha sandália branca que estava aqui quando eu entrei, e não a estou achando. PQP... vociferou a sogra, dona Jesuína.
Procura daqui, procura dali , e nada da sandália branca, que só Aristélio sabia onde foi parar, e dá uma solução:
– Sogrinha querida fui ali na loja de conveniências e achei este lindo par de chinelos de palhinha artesanal da região. Não vai ser uma sandália branca que vai estragar a nossa felicidade hoje, não é? – bajula Aristélio.
Durante o almoço a sogra não se contém e diz:
– Que eu vou descobrir onde foi parar p... da minha sandália branca, isso eu vou. Podem acreditar.

Respostas da 4 questões do quadrado

Promessa é dívida, e pago até mesmo atrasado.

O dia-a-dia me deixou tão atribulado que fiquei sem tempo.
Peço desculpas a todos.

Aí vão as respostas.

Conforme a figura abaixo, as respostas.


1 – Dividida a área branca do quadrado A em 2 partes iguais.


2 – Dividida a área branca do quadrado B em 3 partes iguais.


3 – Dividida a área branca do quadrado C em 4 partes iguais.


4 – Dividida a área branca do quadrado D em 7 partes iguais.


Fácil, não ???


Se quiserem mandar questões como essas cliquem aqui, fiquem à vontade.

As realmente boas e inteligentes eu publicarei.

Paz Profunda a todos, e até a próxima.